segunda-feira, 2 de março de 2009

Ainda uma vez_Adeus!

O poema é longo,mas bem expressivo.Espero q leiam até o fim,pois é um dos poemas que mais amo de Gonçalves Dias,bem representativo desse momento atual!

IEnfim te vejo! — enfim posso,

Curvado a teus pés, dizer-te

Que não cessei de querer-te,

Pesar de quanto sofri.

Muito penei!

Cruas ânsias,

Dos teus olhos afastado,

Houveram-me acabrunhado

A não lembrar-me de ti!

II

Dum mundo a outro impelido,

Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!
III
Louco, aflito, a saciar-meD'agravar minha ferida,
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esp'rança,
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!
IV
Vivi; pois Deus me guardava
Para este lugar e hora!
Depois de tanto, senhora,
Ver-te e falar-te outra vez;
Rever-me em teu rosto amigo,
Pensar em quanto hei perdido,
E este pranto dolorido
Deixar correr a teus pés.
V
Mas que tens? Não me conheces?
De mim afastas teu rosto?
Pois tanto pôde o desgostoTransformar o rosto meu?
Sei a aflição quanto pode,Sei quanto ela desfigura,
E eu não vivi na ventura...Olha-me bem, que sou eu!
VI
Nenhuma voz me diriges!... Julgas-te acaso ofendida?
Deste-me amor, e a vida
Que me darias — bem sei;
Mas lembrem-te aqueles feros
Corações, que se meteram
Entre nós; e se venceram,
Mal sabes quanto lutei!
VII
Oh! se lutei! . . . mas deveraExpor-te em pública praça,
Como um alvo à populaça,
Um alvo aos dictérios seus!
Devera, podia acaso
Tal sacrifício aceitar-te
Para no cabo pagar-te,
Meus dias unindo aos teus?
VIII
Devera, sim; mas pensava,
Que de mim t'esquecerias,
Que, sem mim, alegres dias
T'esperavam; e em favor
De minhas preces, contava
Que o bom Deus me aceitaria
O meu quinhão de alegria
Pelo teu, quinhão de dor!
IX
Que me enganei, ora o vejo;
Nadam-te os olhos em pranto,
Arfa-te o peito, e no entanto
Nem me podes encarar;
Erro foi, mas não foi crime,
Não te esqueci, eu to juro:Sacrifiquei meu futuro,
Vida e glória por te amar!
X
Tudo, tudo; e na miséria
Dum martírio prolongado,
Lento, cruel, disfarçado,
Que eu nem a ti confiei;
"Ela é feliz (me dizia)"
Seu descanso é obra minha.
"Negou-me a sorte mesquinha. . .
Perdoa, que me enganei!
XI
Tantos encantos me tinham,
Tanta ilusão me afagava
De noite, quando acordava,
De dia em sonhos talvez!
Tudo isso agora onde pára?
Onde a ilusão dos meus sonhos?
Tantos projetos risonhos,
Tudo esse engano desfez!
XII
Enganei-me!... — Horrendo caos
Nessas palavras se encerra,
Quando do engano, quem erra.
Não pode voltar atrás!
Amarga irrisão! reflete:
Quando eu gozar-te pudera,
Mártir quis ser, cuidei qu'era...
E um louco fui, nada mais!
XIII
Louco, julguei adornar-
Com palmas d'alta virtude!
Que tinha eu bronco e rude
Co que se chama ideal?
O meu eras tu, não outro;
Stava em deixar minha vida
Correr por ti conduzida,
Pura, na ausência do mal.
XIV
Pensar eu que o teu destino
Ligado ao meu, outro fora,
Pensar que te vejo agora,
Por culpa minha, infeliz;
Pensar que a tua ventura
Deus ab eterno a fizera,
No meu caminho a pusera...
E eu! eu fui que a não quis!
XV
És doutro agora, e pr'a sempre!
Eu a mísero desterro
Volto, chorando o meu erro,
Quase descrendo dos céus!
Dói-te de mim, pois me encontras
Em tanta miséria posto,
Que a expressão deste desgosto
Será um crime ante Deus!
XVI
Dói-te de mim, que t'imploro
Perdão, a teus pés curvado;
Perdão!... de não ter ousadoViver contente e feliz!
Perdão da minha miséria,
Da dor que me rala o peito,
E se do mal que te hei feito,
Também do mal que me fiz!
XVII
Adeus qu'eu parto, senhora;
Negou-me o fado
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nesta hora extrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz comovida
Soluçar um breve Adeus!
Lerás porém algum dia
Meus versos d'alma arrancados,
D'amargo pranto banhados,
Com sangue escritos; — e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiade
Que chores, não de saudade,Nem de amor, — de compaixão.

domingo, 1 de março de 2009

Retiro Espiritual 2009


Esse feriado de carnaval foi bem importante para mim,fui para o retiro da igreja,me fez refletir sobre coisas muitas vezes consideradas ínfimas e ignoradas pelas nossas vidas mecanizadas.
Sabe,acho que passamos a vida desaprendendo a ser feliz,esquecemos que os outros têm coisas a oferecer e que o mais importante que deles podemos absorver não é tão concreto ao ponto de podermos tocar ,mas também não é tão abstrato ao ponto de não podermos sentir.
Passamos a desacreditar nas pequenas coisas caracterizado-as como perda de tempo ou infantilidades ,mas eis aí o pote de ouro no fim do arco íris,ninguém disse que não seria algo simples,e que nem por isso deixaria de ser reluzente.Talvez isso acontece para que depois de uma cansativa caminhada sejamos surpreendidos,ao saber que o ouro sempre esteve aos caquinhos ao nosso redor,mas foi preciso ter o anseio de vê-lo para que nós pudéssemos enxergá-lo.
Nesse feriado eu pude ver o ouro,eu pude descobrir coisas e pessoas na simplicidade de seus atos,de suas palavras e muitas vezes de um simples olhar.Aprendi a me despir de estereótipos ,de não julgar o livro pela capa ,como diz aquele ditado popular, afinal não devemos definir a capacidade dos outros,pois definir algo é limitar e descobri que podemos ser ilimitáveis se nossa fonte for a que jorra os mais brandos sentimentos que irão perpassar a eternidade.
Entendi que para fazer amigos basta está disposto a ser um amigo,que a amizade pode beirar o parentesco,afinal sabiamente foi dito: "há amigos mais chegados que irmãos”.Também entendi que pra falar de amor não é necessário fazer uma única associação de dois,mas que podemos associar muitos resumidos nesta única palavra,afinal o amor também é fraterno.
Às vezes tentamos riscar de nossas mentes determinadas lembranças e nos condicionar a agir de determinada forma,pois achamos ser isso o melhor,mas nem sempre todo o corpo acata a racionalidade do cérebro,nessas horas nos sentimos meio impotentes aos nosso próprio querer,o que fazer?
Bom,queria eu ter resposta para tudo,mas acho que é exatamente pelo fato de não sabermos tudo que as coisas se tornam melhores mesmo sem notarmos,pois aí vemos o quão frágeis e dependentes somos de uma sabedoria maior,que por enquanto pode até não emitir sonoramente todas as respostas,mas que faz do silêncio um sussurrar confortador aos nossos corações,essa voz é de DEUS!
Também me entristeci comigo mesma,me vi diante das minhas fraquezas e às vezes perdi a batalha,mas isso ocorreu por que pleiteei só por uma batalha que não era unicamente minha,acariciei meu ego e esqueci que aqui só vivo por DEUS,mas como disse uma sábia amiga: “deixo o passado para trás”,e espero não mais cair nas armadilhas do meu eu .
Por fim,a lição mais preciosa que tive foi aprender a notar o detalhismo de um DEUS perfeito,que delineia gestos,paisagens,sentimentos e o caráter de cada ser ,não de forma homogenia ,mas individual,pois DEUS se preocupa conosco de forma pessoal,Ele não quer nos dar uma alegria parcial,mas sim integral.Isso pode ocorrer só se nos permitirmos sermos comovidos pelo dedilhar de seu toque ao moldar de nosso caráter,às vezes pode ser difícil,pode ser incomodo,mas nada é melhor do que saber que você está sendo envolto pelas mãos do mais fabuloso oleiro,aquele que é perseverante em fazer dos seus vasos cópias exemplares do vaso mestre,que tenta quantas vezes for preciso,para fazer deles um espelho e juntar todos os cacos que sobraram quando dantes não os trataram com o devido zelo,ele pode te moldar,só precisa da sua permissão!
Postado por Juliana Lima às 03:30 0 comentários